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Médiuns da Paraíba fazem 120 cirurgias espirituais por mês

O que leva milhares de pessoas em todo o mundo, inclusive o ator Reynaldo Gianecchini, a buscarem a cura por meio de tratamentos espirituais? O ator, acometido de câncer, passou por cirurugia espiritual com o médium João Berbel, do Instituto Medicina do Além. A cirurgia foi durante uma visita a Gianecchini ainda no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

A prática não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, mas quem passou pela experiência e foi curado atribui o feito a médiuns e entidades espirituais. Só na Federação Espírita Paraibana (FEPB), cerca de seis mil atendimentos são realizados todos os meses, entre reuniões, passes e outras atividades, incluindo cirurgias espirituais.

Na Paraíba, estima-se que de 100 a 120 pessoas passem pelo procedimento todos os meses. O presidente da Federação, José Raimundo de Lima, explica que nem todos os médiuns estão habilitados a realizar cirurgias espirituais. Ele conta que em todo o Estado, há de seis a oito médiuns com essas habilidades, mas não revela seus locais de atendimento para preservar o trabalho realizado nos centros e evitar a procura massiva a essas localidades. Só em João Pessoa, existem 53 centros espíritas, 42% do total de todo o Estado, que possui 125.

Em defesa da ‘medicina alternativa’

Sobre os procedimentos utilizados na cirurgia espiritual, José Raimundo, presidente da Federação Espírita da Paraíba, explica que não há uma fórmula pronta e que cada caso é um caso. Elas acontecem com ou sem a presença de um médium, que pode marcar a cirurgia para um horário específico ou fazê-la no mesmo instante. A cirurgia também pode ou não precisar de inserção no corpo – prática que levou dezenas de médiuns a responderem a acusação de charlatanismo ou prática ilegal da medicina.

De acordo com o médium, as cirurgias com incisões são cada dia mais raras e só ocorrem quando o espírito está materializado sobre outro profissional da mesma ciência. Atualmente, a maior parte das cirurgias acontece sem cortes e os espíritos atuam diretamente no perispírito.

Mas como ocorrem exatamente?

Raimundo explica que os espíritos possuem instrumentos para penetrar na área afetada, mas que não são vistos pelos pacientes. Como nas cirurgias da medicina tradicional, as espirituais também requerem recomendações que vão depender da cirurgia realizada. “Existem algumas recomendações básicas como não comer comidas pesadas, carne, gordura, não ingerir bebidas alcoólicas, não fazer atividades físicas e até manter abstinência sexual, mas tudo vai depender da cirurgia”, explica.

A cirurgia espiritual, segundo Raimundo, não propõe o rompimento do tratamento convencional e de medicamentos convencionais. “Nós ajudamos onde a medicina – uma medicina probabilística – não pode chegar. O tratamento espiritual atua como uma medicina alternativa e não depende de religião”, disse ele. 35 bilhões de espíritos Mas, afinal, como são realizadas essas cirurgias e por que tantas pessoas atribuem a elas a cura?

Segundo José Raimundo, aproximadamente 35 bilhões de espíritos vivem ao redor da Terra. Muitos deles estão divididos em colônias espirituais para atender a humanidade de acordo com as suas necessidades. “Há colônias de espíritos voltados à medicina (responsáveis pelas cirurgias), à assistência social, advocacia, entre outros. Esses espíritos atuam de acordo com o conhecimento e estado evolutivo de cada um”, afirma. Segundo Raimundo, as doenças sem causas específicas, como os cânceres e as doenças da área psicológica (psicose, transtornos bipolares, entre outras) são doenças de origem espiritual e que surgem como carma de vidas passadas. “Essas pessoas estão pagando por maldades cometidas em outras vidas, geralmente por massacrar pessoas que estiveram sob seu domínio”, exemplifica.

Já os pacientes de doenças com causas conhecidas – ele cita a Aids como exemplo por ser uma doença sabidamente contraída – não devem procurar a cura através dos espíritos, porque estas doenças são consideradas do corpo. “A gente só deve buscar ajuda dos espíritos quando a causa da doença não for clara”, afirma.

Seriedade

Para os espíritas, a seriedade de um centro onde se pratica cirurgia espiritual costuma ser avaliada a partir de dois critérios básicos: as cirurgias não devem ser cobradas aos doentes e o centro onde elas ocorrem deve insistir para que os doentes não abandonem de forma alguma o tratamento médico convencional que vem fazendo ou que procurem atendimento médico caso ainda não o tenham feito.

Juiz diz que foi curado por espírito

Na década de 1990, na cidade de Picuí, região do Curimataú paraibano, um juiz da comarca da cidade decidiu recorrer a uma cirurgia espiritual em busca da cura para uma doença que o acometia há quase 30 anos. Como a história envolve outras pessoas da cidade, o juiz, que hoje vive na Capital, preferiu não revelar seu nome para preservar a identidade dos demais envolvidos. O magistrado conta que convivia com um problema de hemorróidas desde os 18 anos, mas que era relativamente controlado.

Por volta dos 45 anos, o problema havia se agravado e ele procurou em médico de Campina Grande. O especialista solicitou alguns exames e classificou a doença de 1º, 2º e 3º graus. O magistrado teria que realizar uma cirurgia com urgência, mas ele conta que não estava preparado para fazê-la por motivos econômicos. Foi então que o juiz ouviu falar de uma mulherque recebia o espírito de um médico alemão e que autoridades da cidade já haviam se consultado com ela.

“O prefeito da cidade já tinha ido lá e a secretária de educação do município era a pessoa responsável por organizar as filas. Ela era uma espécie de secretária. Com isso eu pensei: bom, não deve ser charlatanismo”, disse o juiz.

No centro espírita, o magistrado conta que entrou na sala onde as consultas aconteciam e presenciou o final do atendimento anterior ao seu. Ele conta que logo ficou impressionado com a fisionomia da médium. “Ela uma mulher de mais ou menos 30 anos, ela estava completamente suada, corcunda e tinha uma fala grossa, como se fosse uma voz de trovão, falava puxando a letra ‘r’ com muita força, como se fosse um sotaque alemão. Eu passei a acreditar naquele momento”, conta o magistrado.

“Antes de começar o meu atendimento, o espírito disse que ia sair porque a “irmã” – como ele chamava a médium – estava muito cansada. Ela foi voltando aos poucos, tomou água, descansou um pouco e depois de 10 minutos ela recebeu um sinal e disse que ele estava voltando. Ela voltou a ficar muito concentrada e o alemão começou a falar”, conta o magistrado.

De acordo com o paciente, a médium encostou o rosto na sua barriga e disse que ele tinha uma úlcera cicatrizada, mas que ele faria uma cauterização, que durou de dois a três minutos. O então juiz da comarca de Picuí garantiu que jamais havia comentado com ninguém que estava no centro sobre a úlcera que havia tratado há alguns anos. “O espírito disse que eu não teria mais problema com a úlcera, mas que eu tinha ido lá procurar ajuda para isso, mas em função de um problema de hemorróidas.

 

Ele disse que a doença estava num estágio avançado e que sozinho ele não teria condições de fazer a cirurgia e que precisaria de uma junta médica. Perguntou se poderia ser naquela mesma noite enquanto eu estivesse dormindo e eu disse que sim. À noite, fiquei muito excitado e ansioso com tudo aquilo e demorei muito até conseguir dormir”, contou.

O espírito teria feito algumas recomendações ao magistrado. Ele não deveria usar roupas apertadas e evitar roupas de cama e de vestir coloridas. No meio da noite, ele conta que acordou com uma taquicardia muito forte. “Eu nunca tive problemas cardíacos, mas naquela noite achei que ia morrer. Eu estava sozinho, na época eu já era divorciado. Senti a respiração muito ofegante e o coração batendo muito forte. Quando levantei de manhã, vi que estava tudo em ordem. Fui trabalhar normalmente de manhã e à tarde voltei pra casa. Eu sentia a minha barriga muito inchada, gases e febre. Durante a consulta, ele disse que se eu tivesse problemas, tomasse o medicamento que ele receitaria. Se não me falha a memória, era cataflan e tylenol”, conta. Até hoje, 20 anos depois, o magistrado conta que não sentiu mais nenhum sintoma da doença. Em função disso, não voltou ao médico proctologista e jamais fez a cirurgia urgente indicada por ele.

O juiz afirma que não segue nenhuma doutrina religiosa, nem mesmo o espiritismo, mas sempre acreditou em Deus como uma força maior. “Depois dessa experiência, eu agradeci e passei a acreditar com mais veemência em Deus como algo regente e do bem”, afirmou. Segundo o magistrado, a médium realizou outros atendimentos durante algum tempo, mas depois ele soube que o médico alemão deixou de incorporá-la. Ele ainda conta que, como ele, muitas pessoas que foram atendidas pela médium foram curadas.

O presidente da FEPB e também médium de cura explica que, para o espiritismo, o ser humano é composto de corpo, espírito e perispírito, que é o elemento intermediário entre corpo e espírito. É justamente nesse elemento de ligação que as cirurgias espirituais acontecem. “Algumas doenças são causadas por processos anteriores e quando isso ocorre só o tratamento da medicina tradicional não gera resultados positivos”, afirma.

Conselho não reconhece

O Conselho Federal de Medicina não reconhece a cirurgia espiritual como um tratamento eficaz. No Brasil, se alguém convencer um paciente de que esse método é eficaz, este pode ser acusado de charlatanismo, principalmente se a cirurgia for cobrada e causar algum dano no paciente por negligência de socorro. Médiuns que realizam realizar cortes e inserções nos pacientes ainda pode ser acusado de exercício ilegal da medicina e lesão corporal grave.

O médico e corregedor do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, José Mário Espínola, explica que o CFM e a Associação Médica do Brasil só emanam normas e resoluções para procedimentos médicos, por isso as cirurgias espirituais não são reconhecidas pelo conselho. “Trata-se de um assunto relacionado a fé. Nós do Conselho não temos objeção com relação a posicionamentos religiosos. Agora, essas pessoas podem responder civil e penalmente porque só quem está habilitado para realizar cirurgias são médicos, dentistas e veterinários, no caso de cirurgias em animais”, afirma.

Contudo, o médico acredita que qualquer tipo de fé e crença estimula o paciente a reagir melhor aos tratamentos. “Essa é uma visão pessoal e não em nome de CRM. A prática mostra que o corpo de pacientes que possuem a mente tranquila e que recebem algum alento reage melhor do que o de pacientes descrentes e sem estímulo de viver”, afirmou.

A doutrina espírita não nega a eficácia dos tratamentos, mas a prática de cirurgias espirituais por intermédio de médiuns não é abordada na codificação espírita, e nem são consideradas verdadeiras as práticas que cobram algum valor material ou qualquer tipo de favor em troca das cirurgias, já que esse posicionamento iria de encontro com o pressuposto básico do espiritismo, que é a caridade.

Dr. Fritz e seus médiuns

Dr. Fritz é uma das entidades espirituais mais conhecidas do Brasil e do mundo. A fama veio com a mediunidade de José Pedro de Freitas, conhecido do José Arigó, no final dos anos 50. Todas as informações acerca de Fritz provêm de supostas comunicações mediúnicas com o plano espiritual.

De acordo com uma suposta biografia escrita a partir de comunicações através de diversos médiuns ao longo dos anos, ele teria nascido na Alemanha, por volta de 1876. Adolf Fritz teria ingressado no quadro de Saúde do Exercito Alemão como clínico geral. Durante a Primeira Guerra, ele teria atendido os feridos no campo de batalha onde, por falta de instrumentos adequados, acumulou experiência no atendimento de emergências e de prática cirúrgica utilizando os limitados recursos que o front lhe oferecia. Depois de deixar o plano físico, Dr. Fritz teria iniciado o atendimento espiritual no Brasil, inicialmente através de uma irmã de caridade.

Outros autores afirmam que esse início foi através de um médium na Bahia, o qual cobrava por suas consultas, o que teria prejudicado a relação. Alguns médiuns que dizem ter recebido o espírito de Dr Fritz.

Rubens Farias Júnior

Em meados da década de 1980, e particularmente após o assassinato de Edson Queiroz, a entidade passou a se manifestar pela mediunidade do paulista Rubens Farias Jr., Engenheiro Eletrônico que residia no Rio de Janeiro. Dr. Fritz também prevê uma morte violenta para Rubens Farias Júnior.

Edivaldo de Oliveira Silva e Oscar Wilde

Após a morte de José Arigó, a entidade passou a se manifestar através dos médiuns baianos Edivaldo de Oliveira Silva (também nomeado como Edivaldo Wilde) e, após o seu falecimento, seu irmão, Oscar Wilde: numa trágica coincidência, a seu tempo, ambos também conheceram a morte em acidentes automobilísticos. Edivaldo residia no estado da Bahia, onde lecionava. Quinzenalmente percorria cerca de 800 quilômetros para chegar ao Rio de Janeiro, onde atendia a centenas de pessoas que o aguardavam.

Como o seu antecessor, empregava como instrumento cirúrgico qualquer objeto perfuro-cortante, que podia ser um canivete ou uma faca de cozinha. Antes de falecer, Wilde também foi investigado pelas autoridades, chegando a ser acusado de charlatão pela Associação Espiritualista da Bahia.

Maurício Magalhães

Ainda após a morte de José Pedro de Freitas, afirma-se que a entidade passou a se manifestar por intermédio da mediunidade do matogrossense Maurício da Silva Magalhães. O médium foi detido em flagrante, em fevereiro de 1998, em Braço do Norte (SC), acusado de exercício ilegal da medicina, charlatanismo e formação de quadrilha.

Aylla Harard

Em meados de 2003 a médium Aylla Harard passou a trabalhar com a entidade, realizando cirurgias espirituais a todos os tipos de problemas e atraindo multidões a Guaratinguetá e Caçapava, no interior de São Paulo onde o atendimento ocorre. A instituição em que atende, sem vínculos com qualquer denominação religiosa, popularmente denominada como “a Casa da Cura”, atende a mais de 5 mil pessoas por mês. Os atendimentos são realizados gratuitamente, sem cortes ou utilização de qualquer objeto cortante ou pontiagudo.

Edson Queiroz

Ao final da década de 1970, entidade passou a utilizar como veículo a mediunidade do pernambucano Edson Cavalcante Queiroz, um médico ginecologista. A seu turno, Edson também sofreu questionamentos por parte das autoridades, especialmente pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE), que chegou a processá-lo por infringir o Código de Ética Profissional. Julgado, foi condenado e teve o seu registro profissional cassado. Dois anos mais tarde, em 1985, foi absolvido pelo Conselho Federal de Medicina. Como Arigó, nada cobrava por sua dedicação e veio a ter morte trágica – assassinado a facadas por seu caseiro, José Ricardo da Silva -, o que acabou reforçando a lenda em torno da entidade e seus médiuns.

José Arigó (José Pedro de Freitas)

Desenvolveu suas atividades paranormais em Congonhas durante cerca de 20 anos, tornando nacional e internacionalmente conhecidas as cirurgias e curas realizadas por intermédio de sua faculdade mediúnica, pelo espírito de Dr. Fritz. José Arigó escrevia receitas em uma letra incompreensível, mas que conseguiam ser interpretadas por seu irmão, que era farmacêutico. Arigó foi processado duas vezes por prática ilegal da medicina e morreu em um acidente de carro que o próprio médium previu, em janeiro de 1971.

Fonte: Larissa Claro (Correio da Paraíba)

2 thoughts on “Médiuns da Paraíba fazem 120 cirurgias espirituais por mês

  1. Aylla Harard, que incorporaDr Fritzem Caçapava e Guaratinguetá, usa sim um instrumento pontiagudo e fez um furo em meu peito para a cura da bronquite, apesar de eu me surpreender e não ter gostado pois diziam que ela não furava nem cortava, fiquei curado, e respiro como nunca tinha respirado antes, mas fui furado e sangrou ela tampou com esparadrapo.

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