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Centro de Estudos e Pesquisas Psicobiofisicas

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Saberes Comunicativos

Por Anette Leal

A Comunicabilidade, um instrumento de autodesenvolvimento, integra a tridotação consciencial intelectualidade-parapsiquismo-comunicação.

Tridotação é a qualidade formada a partir da conjugação desses três talentos, os quais são, segundo a Conscienciologia, os mais úteis à consciência que busca seu crescimento pessoal.

Assim, quanto mais se exercitar a comunicabilidade em bases sólidas de lucidez e de Cosmoética, mais a consciência se capacita e avança no desempenho da sua programação existencial.

Para o pleno exercício da Comunicabilidade, é necessário aperfeiçoar o uso dos 6 Saberes Comunicativos: saber ouvir, saber falar, saber ler, saber escrever, saber traduzir e saber pensenizar.

A pesquisadora Ana Seno, autora do livro “Comunicação Evolutiva” define os Saberes Comunicativos como sendo “o conjunto das 6 habilidades comunicativas indispensáveis para o desempenho proexológico, nas diversas interlocuções e manifestações intrafísicas e extrafísicas, visando à qualificação da interassistência tarística”.

Partimos, desse modo, da constatação de que cada um desses saberes é uma habilidade e, assim sendo, pode ser aprendida e desenvolvida. Então, cada e qualquer consciência pode e deve ocupar-se com elas. Além disso, essas habilidades formam um conjunto e, longe de serem excludentes, são complementares!   

Didaticamente, vejamos cada um dos saberes separadamente:

  1. I) Saber Ouvir – habilidade que corresponde à comunicação auditiva.

O radialista e publicitário José Roberto Whitaker Penteado escreveu no seu livro “Teoria e Prática da Audição” (1976) que “é através da audição que as informações se transformam, na nossa mente, em conhecimentos”. Segundo ele, ouvir “é a mais alta forma de altruísmo”, no sentido de dedicar amor e atenção ao próximo. E complementa: “Talvez por essa razão, a maioria das pessoas ouve tão mal, ou simplesmente não ouve”.

Ou seja, a audição é negligenciada e, geralmente, privilegia-se mais o falar.

No entanto, quando nos recusamos a ouvir verdadeiramente o outro (ou os outros), perdemos muitas vezes ricas oportunidades de aquisição de conhecimentos e ideias e de ajudar, de assistir. 

Em qualquer diálogo, há alternância de papéis de locutor e ouvinte. Mas essa interlocução só será sadia, se houver por parte das consciências envolvidas a postura íntima pela atitude de ouvir sinceramente o outro. A compreensão do tema da conversa, qualquer que seja ela (se de nível informal ou de maior formalidade) está diretamente vinculada à necessidade de ouvir o que o outro diz.

São vantagens de um ouvinte atento: passa a ter melhor informação; dispensa intermediários; estimula o interlocutor a falar (assistência); previne malentendidos; cria ambiente de diálogo, fraterno e maduro; obtem oportunidade de autodescoberta, seguida de autoconhecimento.

O processo de escuta exige técnica, disponibilidade, atenção, postura assistencial baseada na vontade sincera de penetrar no universo intraconsciencial do interlocutor.

A audição discernida não implica passividade ou gurulatria, assim como não inclui ouvir apenas o que me interessa, prejulgando e concluindo precipitada e equivocadamente a mensagem do interlocutor.

Questione-se: Por que a maioria das pessoas não se dispõe a ouvir? Faço parte dessa maioria? Tenho dificuldades para compreender outra(s) consciência(s)? O que me impede de ouvir com sinceridade? Em qualquer diálogo, seja na dimensão intrafísica seja na extrafísica, costumo ouvir de modo atento e educado o interlocutor?  

     II) Saber falar – habilidade da oratória, da comunicação oral, que revela a personalidade.

Fisiologicamente, assim como na audição, o saber falar exige aparelho fonador funcional. Mas na ausência dessas condições, é possível “falar” por gestos e sinais.

Saber ou aprender a falar com clareza e discernimento é essencial à arte de bem viver e revela inteligência evolutiva da consciência pelo emprego sadio do laringochacra.

A perícia da oratória tem origem na vontade da consciência em querer comunicar-se bem. 

Outro aspecto de fundamental importância quando se trata de comunicabilidade é a escolha do quê e para quem falar, pois revela a preocupação cosmoética de comunicar-se de modo adequado, competente e assistencial, evitando distorções ou mau uso das informações, por exemplo.

Adverte Ana Seno:  “O melhor em situações delicadas, quando o contexto indica prudência e postura cosmoética por parte do locutor é saber calar durante o diálogo (…) Nem todas as verdades podem ser ditas de uma só vez. Há de se usar de discernimento e cosmoética fraterna”.

Atentemos ainda para o fato de que nem sempre a conversa é de caráter construtivo e positivo, havendo diálogos descompromissados e até inúteis. Assim é preciso ter discernimento para avaliar, com critério e lucidez, o conteúdo da sua fala. O falar vazio não constrói, não esclarece, não leva à evolução.

Faça o seguinte questionamento para si mesmo: sou facilmente compreendido quando falo? Reconheço a importância da fala para a tarefa do esclarecimento ?

III) Saber ler – habilidade da comunicação decodificada.

Este saber compreende não apenas o correr os olhos pelas letras e símbolos, mas também (e principalmente!) o entendimento do conteúdo escrito. É preciso refletir sobre o que se está lendo, examinar as ideias do autor antes de admiti-las como verdadeiras.

Então, saber ler é, em essência, decodificar a mensagem lida, compreender a sua essência, ir além dos símbolos que são as letras e apreender a idéia mestra do pensamento do autor.

Deve-se estar atento para o fato de que é a partir da leitura que se cria o acervo cultural e informacional de cada consciência, pois o acúmulo de palavras e ideias amplia o dicionário cerebral pessoal, indispensável à comunicação.   

Segundo Ana Seno, “a bagagem cultural influi diretamente na capacidade assistencial, pois, conhecendo diversas e diferentes realidades e assuntos, dentro da visão multidisciplinar, o acesso pela interlocução ao assistido estará mais facilitado”.

Agora questione-se: Sou capaz de ler com qualidade, de modo concentrado e crítico? Costumo dialogar mentalmente com o autor?

  1. IV) Saber escrever – habilidade da comunicação grafopensênica. O saber escrever está intimamente ligado ao saber ler e vice-e-versa.

Se a leitura é decodificação da mensagem, isso só será possível se a mensagem tiver sido escrita de forma ordenada, com ideias bem associadas.

O intercâmbio de ideias pela escrita (e de forma perene, pelos livros) tem alcances inimagináveis, pois ultrapassam séculos, existências, permitindo a comunicação assistencial a inúmeras conscins.

Justamente por isso, o ato de escrever é de grande responsabilidade para quem pretende fazê-lo com o objetivo de compartilhar conhecimento, pois não se tem controle sobre quem ou quantos são os seus leitores!

Escrever requer do seu autor conhecimento técnico e postura cosmoética para transmitir ideias com discernimento. Assim, antes de escrever é preciso refletir, olhar atentamente para o seu microuniverso consciencial, buscar respostas dentro de si para questionamentos pessoais e existenciais.

E na era digital, também é importante saber escrever?

É mister aprimorar ainda mais a autorreflexão sobre a comunicação nas mídias sociais, em razão da dinâmica e da velocidade com que as mensagens se propagam. Principalmente, porque não ficam registros de forma permanente (como nos livros), que possibilitem eventuais esclarecimentos posteriores.   

Em qualquer tipo de escrita, portanto, é fundamental estar motivado pela vontade de esclarecer e de tornar um simples ato comunicativo em oportunidade de interassistência. Então, só escreva aquilo de que você não se envergonhará mais tarde. Lembre-se de que a sua existência tem repercussões nesta e em outras dimensões.

Reflita a partir deste questionamento: o que escrevo é esclarecedor para mim e para outras consciências?  

  1. V) Saber traduzir – habilidade de dominar a comunicação parapsíquica, veiculada principalmente por meio das energias.

No uso de qualquer das habilidades anteriores, há sempre a necessidade intrínseca da tradução, quando se transforma em entendimento e compreensão os símbolos e sinais lidos ou escritos; quando se reflete sobre o que se ouviu ou mesmo quando se transpõe, em palavras, o pensamento.

Ou seja, o processo tradutivo aciona a capacidade cognitiva da consciência para que tenha condições de fazer a correspondência dos significados das linguagens envolvidas na interlocução.

A interlocução requer no mínimo dupla operação de traduzir, a saber:

  • Emissor – traduz, dentro de si, o pensamento em palavras;
  • Receptor – escuta, processa e traduz para si o que ouviu, de acordo com seu domínio linguístico.

Do ponto de vista conscienciológico, que amplia essas noções para a multidimensionalidade, destaca-se que todo processo tradutivo também está recheado das energias conscienciais do emissor e do receptor, conferindo a toda interlocução o caráter de comunicação parapsíquica.

No entanto, mesmo sem ter lucidez quanto à multidimensionalidade, as energias conscienciais continuam atuando e integrando o ato comunicativo nas interlocuções ainda que só entre conscin-conscin!

O saber traduzir é, pois, compreender e manejar de maneira lúcida o ferramental parapsíquico disponível. Em outras palavras, é preciso aumentar a lucidez, fazendo uso consciente do energossoma, psicossoma e mentalsoma, para que a comunicação seja completa.

Dedicar-se ao estudo dessa questão é importante simplesmente porque “a primeira interlocução da consciência no intrafísico é energética, ou seja, ocorre pelas energias conscienciais (ECs) expressas em qualquer movimento corporal, gestual, olhar, palavras do emissor. A recepção da mensagem dependerá, dentre outros fatores, da capacidade de traduzir do receptor, sabendo ler energeticamente e retextualizar ou decodificar as ECs, discriminando conteúdo, padrão, intensidade, qualidade” (Seno, 2013).

Todos nós, como consciências eternas, somos dotados desses recursos. Investir no seu desenvolvimento é questão de decidir quais as prioridades a serem perseguidas por cada um.

A Conscienciologia afirma que, além dos cinco sentidos, podem ser treinadas tanto as percepções quanto as parapercepções através de exercícios bioenergéticos.

São exemplos já conhecidos do traduzir: autodetecção energética que identifica a psicosfera de outras consciências e/objetos (chamado sexto sentido), telepatia, clarividência, clariaudiência, projeção lúcida, entre outros.

Questione-se: nas interrelações que mantenho, consigo traduzir cosmoeticamente os diversos padrões pensênicos parapercebidos? O autodesempenho comunicativo traduz minha pensenidade pessoal? De que modo?

  1. VI) Saber pensenizar – habilidade para produzir pensenes. Compreende o trinômio pensar-sentir (emoção)-manifestar.

O pensene (pensamento-sentimento/emoção-energia) é a base de manifestação de toda consciência, em qualquer que seja a dimensão na qual se encontre.

Desse modo, o ato comunicativo se amplia porque além de saber ouvir, falar, ler, escrever e traduzir, é necessário saber pensar, saber sentir e saber expressar-se energeticamente.

Saber pensenizar envolve a tridotação consciencial (intelectualidade-parapsiquismo-comunicação), por meio do desenvolvimento da habilidade de saber pensar. Desenvolver qualquer dos três atributos conscienciais, pois, exige o predomínio das faculdades mentais e das percepções extrassensoriais balisadas pelo autodiscernimento.

Considera-se então o pensamento como importante instrumento do qual deve se utilizar a consciência para se expressar. É a fonte das ideias e, portanto, aprender a pensenizar é aprender a buscar ideias e associá-las de modo que possam ser transmitidas adequadamente visando à sua compreensão.

Assim, é preciso habituar-se a ordenar pensamentos claros, coerentes, objetivos, administrando a mente e as emoções, pois a condição em que nos encontramos se revela implicitamente pelas nossas energias conscienciais quando nos expressamos.

Isso se traduz na necessidade de reflexão, aspecto fundamental nas associações mentais, melhoria do raciocínio e obtenção de novas ideias principalmente sobre si mesmo.

Há algumas formas de avaliação do pensenizar como a autorreflexão, a reciclagem consciencial, a autopesquisa, dentre outras. Pode-se ainda avaliar o nosso saber pensenizar de forma sintetizada pelos dois extremos da pensenidade:

  • Ortopensenidade: pensar positivamente, de forma estruturada, reta, coerente, cosmoética sobre si mesmo e sobre os outros;
  • Patopensenidade: pensar mal de si próprio e dos outros, desvalorizando os trafores e supervalorizando os trafares.

Exercite a sua reflexão, fazendo-se os seguintes questionamentos: qual o meu nível de lucidez quanto ao processo de pensenização? Expresso ou manifesto cosmoeticamente os autopensenes?