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Centro de Estudos e Pesquisas Psicobiofisicas

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Pesquisa revela que insônia pode ser evitada sem uso de medicamentos

Ao ver um grupo de mulheres que aderiu à meditação, pode não parecer, mas elas estavam à beira de um ataque de insônia. Por questões hormonais, as mulheres são as principais vítimas deste pesadelo que vai piorando com a idade.

“Cerca de 30 % das mulheres antes da menopausa tem alguma queixa de insônia, e esse número vai para 60 % após a menopausa”, explica a professora Helena Hachul, professora de medicina – Unifesp.

O problema é que cada vez mais, as mulheres com insônia recorrem ao uso de medicamentos fortes e controlados para dormir, os tranquilizantes, ou benzodiazepínicos. Muitas acabam ficando dependentes. Não conseguem mais dormir sem os remédios. O que poucas sabem é que esta dependência é um risco para a saúde.

“As pessoas que usam, de longa data, os benzodiazepinicos têm prejuízo de memória. E um outro efeito colateral dos benzodiazepinicos é que eles provocam um relaxamento muscular e isso pode levar a uma parada respiratória. Então muitas mulheres que utilizam esses medicamentos, esses tranquilizantes maiores, podem ter episódios maiores de apneia e isso é prejudicial à saúde”, explica a professora Helena Hachul.

Pesquisadores estudam alternativas para uso de remédios para dormir

E como acabar com esta dependência e conquistar o sono nosso de cada noite? A ciência investiga novas possibilidades. Há quase dois anos, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo em parceria com o Instituto do Sono estudam alternativas para reduzir e até mesmo acabar com o uso prolongado de medicamentos controlados para dormir. Eles já comprovaram a eficácia da ioga, da acupuntura e da massagem. Agora estudam os efeitos da meditação e os primeiros resultados são animadores.

O estudo foi feito com 16 mulheres divididas em dois grupos. Todas tomavam remédio para dormir. O primeiro grupo recebeu as orientações de sempre para reduzir os medicamentos. A outra metade, além das orientações, passou a fazer meditação durante dois meses, uma aula por semana.

No grupo que não meditou, das oito mulheres, duas, 25 %, pararam completamente o consumo de medicamentos. E no grupo que fez meditação essa proporção subiu para 75 %: seis das oito mulheres abandonaram os tranquilizantes, e as duas que não pararam, reduziram substancialmente.

“É um número expressivo para um problema de difícil resolução. Então a gente tem dificuldade para lidar com essa questão e os resultados então animam bastante”, conta Ana Regina Noto, psicóloga e farmacêutica – Unifesp.

A meditação muda a forma de encarar o problema da insônia. E pode quebrar o ciclo de dependência aos medicamentos que prejudicam tanto as mulheres.

“A gente aposta que sim. A gente começou com os primeiros estudos nesse sentido e os resultados são bastante animadores”, diz Ana Regina.

Pesquisadores acreditam que meditar é um ótimo remédio para a vida

Os pesquisadores querem aumentar o número de voluntárias com insônia para avaliar melhor os resultados. E também levar a meditação e os tratamentos alternativos para as unidades básicas de saúde. Eles acreditam que meditar é um ótimo remédio para a insônia e para a vida.

Globo Repórter: Todo mundo pode meditar?
Vivian Vargas, psicóloga: pode sim. É uma habilidade que na verdade a gente já tem e a gente só desenvolve através da meditação, essa habilidade de atenção plena, de estar presente.
Globo Repórter: E como é que as pessoas aprendem a meditar?
Vivian Vargas: Elas precisam dedicar um tempo do dia delas e simplesmente prestar atenção na respiração, no corpo, nos sons. Elas podem simplesmente tirar um tempo para isso.

Meia hora de meditação por dia e o sono, a disposição e a vida da Odete mudaram.

“Eu fiquei mais tranquila, acordo muito mais disposta. Não é aquele acordar que você fica enrolando na cama pra levantar. Eu acordo já pronta pra levantar pro meu dia, o que isso é maravilhoso né, poder fazer isso”, conta Odete Levenhagen Lawrie, decoradora.

Decoradora conseguiu reduzir quantidade de remédios

Nem sempre foi assim. Durante 16 anos a Odete só conseguia dormir depois de tomar remédio. Pegar no sono era um sacrifício e as consequências…

“Era como se houvesse um esforço pra começar o seu dia, tudo parecia mais difícil… Eu ficava cansada, eu dormia, tinha momentos, inclusive às vezes conduzindo o carro, um risco, era um perigo. E isso foi um dos fatores inclusive que me deixou muito preocupada e querer descobrir o que que tava acontecendo”, conta Odete.

A Odete foi uma das voluntárias da pesquisa que conseguiram reduzir a quantidade de remédios depois da meditação.

“Diminuí para a metade e estou agora com este aqui que é um quarto. Isso seria mais ou menos 10 % do que eu tomava anteriormente”, afirma Odete.

A Odete está no caminho certo. Os exames mostraram como a qualidade do sono dela melhorou com a redução dos medicamentos e a prática da meditação. Para começar, a Odete não demora mais para pegar no sono.

“Ela dormiu em cerca de três minutos. Antes era de 20 minutos passou para três minutos, o sono ficou consolidado, teve menos despertares, aumentou muito aqui a porcentagem do sono ‘rem’ que é o sono dos sonhos, por isso é que ela relata que sonha mais e o sono profundo ficou mais consistente”, explica a doutora Helena.

Além de melhorar a qualidade de vida, voltar a sonhar fez toda a diferença para Odete. Ela já estava com saudade.

Globo Repórter: Pelo que a gente viu nos seus exames, lá na polissonografia, você está dormindo muito bem, voltou a sonhar.
Odete: Pois é, parece que o resultado nessa parte também saiu muito boa. Eu fico muito satisfeita para as pesquisadoras, que elas também estão pondo bastante esforço nisso tudo, e pra mim também que só tive a ganhar com isso.
Globo Repórter: O seu sonho é parar de vez com a medicação?
Odete: O meu sonho é parar de vez, exatamente.
Globo Repórter: Para sonhar mais…
Odete: Sonhar acordada.

Fonte: Globo Repórter